Desde então jamais abandonara a companhia do mar, lembrava-se como se fosse hoje, como se jogou naquele abismo entre as ondas e as rochas. Seu corpo afundava e era inútil lutar contra as correntes, estava ali por vontade e impulso, então escutou a sua voz lhe chamando pelo nome, quando a viu, estava assustado e com medo, mas ela era como uma divina e celeste criatura, ele deixou-se levar por suas mãos e lábios e quando acordou do que parecia um sonho, já estava em terra, deitado na areia e olhando a noite e suas estrelas.
Desde então jamais abandonara a companhia do mar, passava os dias sentandos na areia, olhando as ondas, as marés e a água, esperando que ela mais uma vez aparecesse, imaginava sua voz lhe chamando, que mais uma vez a veria e pronto ao seu encontro ele estaria. E assim, ele passava os dias, mal comia e bebia, apenas ficava sentado dia após dia, na areia a olhar a água e algum resquício dela. Mas logo se foram semanas, meses e anos, e lá estava ele sentado frente ao mar. Alguns dizem, que ficou velho e morreu de velhice numa cabana próxima a praia, outros que começou a beber e fora embora para o interior, que desgostoso da vida jurou nunca mais ver o mar, e os jovens acreditam que num momento de loucura, cansado da espera foi a sua procura, pegou um barco e em meio a tempestade se perdeu nas águas. E são essas as histórias que contam.